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24.6.06

Prefácio

Ok, pra não perder o cunho literário: nunca vi blog com prefácio ou introdução, mas aí vai um só para constar.

Peço aos leitores a justa parte que me cabe da crítica. Fiquem com os xingamentos enquanto me reprimem a desestrutura e a verborragia. Se não acharem nada de útil no conteúdo aqui publicado, dou-me por vencido e sufoco as pretensões. Se sobreviver alguma coisa, faço do meu próprio fruto alimento e tento assim fortalecer-me. "O filho é pai do próprio pai", teria dito Lacan, se não me falha a (péssima) memória. De qualquer forma, essa menção trata da geração espontânea do discurso. É na existência do filho que o pai recebe essa denominação ("pai"), ou seja, é na criação que nos tornamos aquilo que somos. O que isso faz de mim? Sejamos honestos até o fim: "É em vão que o autor solicita a indulgência do público: a existência da publicação está aí para desmentir esta pretendida modéstia" - citação da citação, extraída do prefácio de De l'amour, do Sthandal.

O escritor que re-cito, apesar de não ser autor das palavras acima, concebeu essas: "Não escrevo para 100 leitores. Se tiver dez, cinco que seja, me dou por satisfeito". A última frase é uma crítica velada à apologia de quem publica: na modéstia de quem espera encontrar 5 leitores, existe o orgulho de se saber compreendido por poucos. Façam-me essa honra: excluam-me das comunas e esqueçam o que tentei dizer, se não lhes tocar a alma. Pois, se nem sempre é a alma quem fala, ainda assim é ela a única a saber ouvir.

Acho que precisa de edição, mas deixo meu rebento prematuro aos seus cuidados e confio nas encubadoras.