Título, título... Precisa de título?
tum... tum... tum...
Por algum motivo me lembrei hoje dos meus amores de criança. Sei o motivo, mas também sei que não vem ao caso. O que me deu vontade de escrever foi o jeito como esses sentimentos antigos e parcialmente apagados fizeram meu coração bater após tanto tempo - devagar e com força, quase sufocando...
Aprendi ao longo dos anos a só chamar de amor um sentimento específico, pra não dizer mais forte ou mais completo. Aprendi a valorizar paixões e paixonites de um jeito diferente, a não confundir nem misturar os muitos tipos de afeto. Fiz isso para respeitar um ideal de carinho que eu tinha, algo que me dava vontade de seguir em frente, buscando e buscando e buscando. Segui esse caminho por alguns anos, abandonando a chance de perseguir sorrisos fugases ou viver a batida groove de certos romances incertos. Mesma batida que me pegou hoje, não fosse o drawback das lembranças e minha natureza excessivamente romântica e melancólica.
Andei o dia inteiro em círculos sem entender porque. Ri por hábito, pra não esquecer que sou feliz. Fiquei nervoso sem motivo, por causa desse invisível que me encerra e ao qual não sei como designar. Quem sabe "eu" seja uma boa definição?
Uma voz dentro de mim me diz: "Deixa disso Álvaro, vai dormir que nem tu sabe o que tu tem pra dizer agora. Provavelmente, tu não tem nada mesmo". Pra piorar, acabei de passar duas horas teclando no MSN e até perdi o fio da meada. Por pura obstinação, porém, vou concluir.
Com o advento da psicanálise o homem conseguiu a comprovação de que não era um só, de que sua unidade era repartida. E para que isso serviu? Para que ele tentasse fortalecer-se com base nesse mesmo ideal consciente (e incompleto) de sua refundada essência. Sou dessas pessoas que nunca ficou satisfeita com a idéia convencional de felicidade, mas que se depara com uma vida áuto-determinante. Não digo que enfrentamos clausuras (creio, inclusive, que estamos entre as gerações mais livres que já existiram até hoje): simplesmente enxergo minha própria noção de felicidade, idiossincrática, como algo inviável em meio à sociedade atual, e sinto que seria inútil e desnecessário ir atrás dela com tantos placebos a disposição. E os placebos não dão dor de barriga...
O ponto é: limitar os próprios sentimentos, ainda que de maneira sutil e supostamente saudável, é fugir do que somos e do que nos faria feliz. Fugimos tanto que as vezes alcançamos algo que queriamos e nos damos conta: "Não era isso!". Essa idéia é batida, sei, mas e daí? A verdade não precisa ser nova, não precisa ser um segredo, muito menos uma pergunta. Ela é uma afirmação que estava escrita (e inscrita) ao nosso redor desde o início, em uma língua que não sabiamos ler.
Acho que acabei de ir contra o próprio princípio desse blog! Droga, amanhã releio isso e pôsto algo pra remendar as lacunas. Saudações a todos.
2 Comments:
eu detesto titular. sempre, até e-mails para mim são chatos.
mas os placebos dão sim dor de barriga. tu sabe bem.
o que é verdadeiro não.
eu ainda busco a palavrinha. usar o "amor" na hora certa é complicado e delicado.
e não há porque post para preencher lacunas. blogs são assim, a gente acaba escrevendo coisas pessoais. na real, sempre há uma pessoa para a qual a gente escreve...nem que ela seja nós mesmos.
quando tu voltares do Peru vamos combinar outras noites bacanas como as de sábado.
eu acordei com dor na barriga...mas desta vez de rir :)
Querido. Quase chorei. Revivi todos meus desamores neste exato momento. Os de infância, os mais recentes. Senti uma imensa falta do teu ombro agora. De ficar ali como quem não quer nada, conversando sobre essas coisas. Ouvindo os teus conselhos e te dando outros tantos. Tô morrendo de saudade de ti, tu sabe. Bjs
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