Um furo
Não, não se trata de um furo de reportagem. Trata-se de outro mais banal, daqueles estranhos e quase sem sentido que merecem a atenção dispersa dos leitores cibernéticos: um furo na panela.
Resumo da história: descobri que existe um tipo de fungo capaz de devorar alumínio.
Versão longa: fazem exatamente 16 dias, fiz um molho vermelho com cogumelos. Deixei a panela na geladeira e me esqueci por completo durante cerca de dez dias. Quando vi que o molho ainda estava lá, pensei em jogar fora, mas que fazer? Era muito líquido para botar no lixo orgânico, muito sólido pra jogar pelo ralo. Optei por deixá-lo quieto mais uns dias, e me desfazer dele quando aparecesse um pote vazio de azeitonas ou de geléia. Hoje, me deparei com o envólucro de um sorvete Molico, devorado pelo meu colega de apartamento, e resolvi preencher o vasilhame com o tal molho. Era chegada a hora de lavar a panela.
Capítulo 2: Durante alguns segundos, imaginei que o molho pudesse estar até comestível, pois tinha exalado um cheiro bom e mantinha as mesmas características de quando o guardei na geladeira. Por pudor, preferi não provar. Esquentei água na chaleira e coloquei detergente de limão na esponja, para em seguida despejar o que restava daquela experiência culinária no pote de Molico. Abri a torneira para passar um pouco d'água e reparei que o fundo da panela estava quase limpo, talvez devido aos conservantes do extrato de tomate q eu tinha usado. A única coisa estranha eram umas manchas na parte superior, acima da área que estava anteriormente recoberta pelo misterioso conteúdo.
Capítulo 3: Peguei a esponja e esfreguei com vontade. As manchas, entretanto, resistiram bravamente. Percebi logo que meu esforço era em vão, e tratei de repetir a tarefa com a água calentada. Inútil.
Era algum tipo de bolor estranho, que variava entre o magenta e o cinza. As manchas (seis ou sete apenas) se espalhavam ao redor da panela e desafiam com teimosia a minha mania de limpeza. Resolvi concentrar esforços. Depois de alguns minutos a primeira cedeu. Motivado, dei cabo de outras três antes de perceber que tinha ido longe demais...
Capitulo 4: havia algo indescritível, uma sensação de que o problema era maior do que as aparências indicavam. Soltei a esponja e resolvi esfregar um pouco com a unha, garantir que estava tudo limpo. Foi então que vi meu dedo. Através da panela, por um furo mais que considerável, era possível vislumbrar o tom bege da minha própria pele.
Levantei o recipiente para olhar à contra-luz. O estrago era imenso e quase idêntico abaixo de todas as manchas. O que quer que fosse aquele fungo, era capaz de se alimentar do alumínio, ou ao menos corroê-lo, e assim deixar-me sem panela. Perplexo, contive uma crise de riso e joguei aquele pedaço de ferro velho fora. Fui no Zaffari e comprei uma panela nova, ao preço módico de 14,90 reais. Não fosse isso, estaria rindo até agora.
5 Comments:
apenas para deixar MUITO claro que essa história de que não vou com a tua cara é balela!!!!
beijão
não mente mais!
hehehe
Hahaha!! Esse bolor que come alumínio daria um ótimo conto de ficção científica, devia trabalhar nisso!! E não enfureça a Srta. Moncks, pois nesse estado eu desconfio que ela seja capaz de mastiga alumínio, ou até mesmo aço carbono!! hahahaha
E para de chorar leitores que eles tão aparecendo! Percebeste?
Hahahah Momento Mr.Bean total! Quase pude escutar as risadas gravadas na hora do dedo. Falando nisso, que alívio saber que a dissertação era do furo da panela hahahaha Muitas saudades. Bjus!
Primeiro post que gostei. Coincidência o fato de ser uma estória com estilo humorístico? Talvez...
Queria fazer comentários mais específicos sobre, mas não consigo me decidir sobre "o quê" e como dizer, hehe...
[]s
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