O pai, o filho e a puta que os pariu...
O título é pura subversão: acreditem, isso é uma reflexão psicanalítica. Já escrevi antes que o filho é pai do pai, uma idéia que não é minha, mas que eu acho pra lá de interessante. Quis incluir a mãe nessa relação, só pra tentar entender exatamente qual o papel dela.
A boa mãe – aquela que exerce a função materna de forma saudável – é a que cria o filho para o mundo. Nesse sentido, ela tem de vencer seu próprio impulso de prendê-lo sob a asa, de protegê-lo através da relação de dependência que o prende na primeira infância. Somente assim ela pode criá-lo plenamente, como um ser completo e capacitado para agir longe de sua presença. Somente assim o filho poderá ser homem autônomo e independente, somente assim ele poderá ser pai (do pai ou de qualquer outro). O extremo oposto nessa balança seria igualmente execrável, encontrado nas mães que NÃO criam o filho, que se abstêm de exercer as funções fundamentais para a formação da sua personalidade e da estrutura edípica.
Donde deriva a frase do título: quando a mãe é incapaz de criar o filho para o mundo, ela também incapacita esse filho de recriar o pai, de amadurecê-lo através da experiência da paternidade. Eis aí o que eu chamaria de complexo de Medéia (será que isso já existe?): a mulher mata os dois filhos (o filho propriamente dito e o pai - Jasão -, que seria recriado através do filho, mas não chega sequer a nascer)
Os que leram esse post até aqui devem estar se perguntando: "Porque diabos ele escreveu isso?". Carinhosamente vos respondo: tava a fim.
Estou com sono e intrigado com uma questão que me atormenta: sofro um bloqueio para escrever ficção que já dura dois anos (ele teve início com a minha monografia e pegou carona no início da carreira profissional para seguir viagem), e que há cerca de oito meses passou a afetar a minha capacidade de raciocinar sobre temas acadêmicos. Essa foi uma tentativa de mostrar que o bloqueio é transponível, porém sei que constitui um passo mínimo no caminho dessa mesma superação.
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