Iwo Jima
Chega hoje aos cinemas de Porto Alegre o último dos indicados ao Oscar de Melhor Filme deste ano. "Cartas de Iwo Jima", de Clint Eastwood, concorre a quatro estatuetas, incluindo ainda Melhor Roteiro Original e Melhor Diretor. A produção conta a história dos soldados encarregados de defender a ilha, mostrando o lado japonês de uma batalha decisiva para a vitória norte-americana sobre o país.
Em meio ao trabalho árduo para defender a posição estratégica de Iwo Jima, os soldados passavam o tempo escrevendo cartas para suas famílias – muitas foram esondidas durante os quase 40 dias de confronto, por não poderem ser entregues. Desenterradas anos depois, as mensagens enviadas pelos homens da ilha abrem as portas para um mundo tocante de intimidades e confissões.
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que se trata de um filme de guerra: toda a poesia da trama só será aproveitada por quem puder manter os olhos abertos diante dos horrores ali retratados. Os sentimentos dos soldados e suas trajetórias individuais tampouco farão sentido até se entender o seu sofrimento. São os pré-requisitos do gênero.
Nesse sentido, Eastwood não oferece nada de novo. Seu grande mérito resulta da reconstrução da perspectiva japonesa em um conflito histórico, no qual o inimigo era ninguém menos do que os Estados Unidos. É o fim de seis décadas de maniqueísmo, ou pelo menos um grande passo para se chegar lá.
A produção foi filmada em conjunto com “A Conquista da Honra”, em que Eastwood narra o lado norte-americano do confronto. As duas histórias seguem linhas diferentes, e existem independentemente uma da outra. Ainda assim, oferecem significados complementares.
O primeiro longa, que também está em exibição nas salas da capital gaúcha, expõe e critica a postura bélica dos Estados Unidos, bem como a ilusão de glória que o país tenta vender ao lançar os holofotes sobre seus “heróis”. De carne e osso, os soldados apresentados na produção vivem os altos e baixos de sua fama efêmera, questionando os valores que supostamente simbolizam.
É em “Cartas...”, no entanto, que os ideais se tornam palpáveis, encarnados nas ações de homens que representam integralmente aquilo em que acreditam. Seja no resmungar constante do descrente Saigo, cujo único pensamento está em conhecer a filha recém-nascida. Seja na estratégia militar proposta pelo intrépido general Kuribayashi, para quem qualquer esforço será válido se consequir ganhar um dia de paz a mais para o Japão.
Juntos, os dois filmes criam um retrato amplo do homem em seus extremos. Não está em questão o porquê do conflito, e mesmo quem deveria ganhar ou perder a batalha – as engrenagens da guerra são deixadas de fora. Importam apenas os seres humanos, bons ou maus, covardes ou corajosos, presentes em ambos os lados do confronto.
Retrato bem feito
A opção pelo idioma japonês, que confere credibilidade à história, trouxe algumas vantagens e desvantagens para a produção. No Globo de Ouro, "Cartas..." concorreu e levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, pois a escolha da língua implicava na mudança de categoria.
Obs: vou continuar o texto no jornal para publicação... quem quiser ler mais vai ter que comprar O Sul!
1 Comments:
Heya!
Amiguinho, só para avisar que incrivelmente vou pra praia e volto na quarta... :D \o/
Dependendo da hora em que eu voltar a gente pode combinar alguma coisa...
[]s
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