Quantas perguntas?

...são necessárias para se chegar a uma resposta?

4.2.07

Para onde

Passei o dia inteiro preocupado em botar ordem na cachola. Pensei sobre o curso de psicologia, sobre o meu trabalho e a possível mudança de função. Limpei a piscina, dei uma arrumada no quarto, assisti a Diamante de Sangue. Tudo isso com a cabeça girando...

Diante de um mundo de possibilidades, sempre tive dificuldade em escolher. Ter de optar entre os futuros ao meu alcance, entre diferentes profissões, entre churrasco e macarronada. Não que eu não saiba o que eu quero, não é isso... Também não sou incapaz de escolher. Meu problema é que insisto em pensar nas escolhas que não fiz, em tudo aquilo que dispensei ao optar por alguma coisa. Eu não olho para o "meio-copo vazio", eu olho para as garrafas que acabei deixando de comprar. Tamanho o meu medo de perder a possibilidade, que prefero fugir das escolhas e acabo não oferecendo certezas mesmo quando as tenho.

Estou agora com 23 anos e olho para o que conquistei. Um diploma, um emprego interessante, de baixa remuneração porém com certas vantagens, uma bagagem cultural invejável, uma vaga numa universidade conceituada e uma gama de conhecimento suficientemente grande para levar a vida sem cair nas suas armadilhas convencionais. Não tenho ainda fama ou sucesso, não adentrei o campo do fantástico ou do incrível. Fiquei no "interessante", beirando ao comum.

A verdade é que há duas coisas que me perturbam neste momento. A primeira é que sei do que sou capaz (no bom sentido) e me pergunto em que direção devo concentrar minhas forças para obter o que quero. A segunda é que existe uma razão simples para eu não ter respondido essa pergunta, e essa indecisão precisa acabar.

Resumindo: porque eu não consegui me decidir sobre que caminho trilhar?

A resposta para essa pergunta diz muito sobre mim. Sei mais sobre a felicidade – aquilo que ela representa pra mim – do que a maioria das pessoas. Em compensação, durante toda minha vida me acostumei a procurá-la e estudá-la. Com breves exceções, ainda tenho pouca experiência em alcançá-la, em fazer os sacrifícios necessários para torná-la real.

Sei vivenciá-la nas pequenas coisas, e sei que para isso basta um estado de espírito e um olhar diferente (o mundo através dos meus olhos é geralmente bem bonito). Ainda não me tornei insensível às grandes causas, e consigo me preocupar com problemas sociais e políticos (mesmo que não lhes dedique muito tempo, por saber que atualmente não posso fazer muito). Me falta apenas a atitude, a perspectiva consciente de que eu posso e devo continuar lutando. Incessantemente.