Quantas perguntas?

...são necessárias para se chegar a uma resposta?

16.9.07

Só um oi

Como quem visita um velho amigo, passei aqui para matar a saudade de escrever por escrever, assim, pela realização do puro despropósito que é tão característico da minha alma. O que dizer? O estranho é que eu deveria ter imaginado que me sentiria assim, como que buscando assunto depois de tanto tempo sem trocar idéias com este interlocutor íntimo que de perto me acompanhou por um longo trecho do caminho.

Me sinto melancólico, circular. Como descrever esse sentimento inverossímil, essa quietude que parece me desfazer em um compasso desritmado de lufadas de vento entrecruzadas? É esse breve movimento que me fez deixar o blog antes – não porque ele desapareceia se eu não escrevesse, mas porque eu não queria escrever, pelo menos não assim. E agora, quando volto para cá e tento deixar apenas uma marca da passagem do tempo, ou pelo menos da passagem do tempo por mim, me deparo com a continuidade dessa natureza que me habita.

De volta aqui, ocupando o mesmo espaço que há meses atrás, quando pela última vez me deparei com este blog e sua natureza confessional, tenho vontade de terminar essa postagem de uma vez e partir, deixar o blog abandonado por mais dois ou três meses, ou até que eu tenha algo de novo a dizer. O problema - e este parece ser meu grande problema -é que não me falta uma mensagem, mas ela me desgosta. E o que faço? Tento calá-la, tento silenciar a demanda, e assim perco a chance de encontrar outra mensagem, de dar-lhe significado para então substituí-la.

Mais do que óbvio, esse último parágrafo nada tem a dizer àqueles que me desconhecem, e, como todas as idéias que me cortam o pensamento, parece fluir em uma direção de ideossincrasias desnecessárias, pretensiosas. Prolongo então o meu intervalo, em busca de algo para dizer que seja pertinente, de uma voz que fale com a minha, de um sentido que seja coletivo, para então compartilhar.

O engraçado, e a razão por que ainda volto, vez por outra, a pairar em meio a devaneios feito este, é que eles são fruto de uma linguagem que não é só minha, é também de outros muitos, e que tu, que seguiu essa leitura até aqui, foi capaz de me entender e, talvez, compartilhar. Me sinto, por fim, como o palhaço sem graça, que ao longo dos seus anos de profissão descobriu que só pode fazer rir ao errar a piada. Desentenda-me, por favor.

Com carinho, Álvaro Lima.