Quantas perguntas?

...são necessárias para se chegar a uma resposta?

22.11.06

Admirável

Terminei de ler nessa semana o "Admirável Mundo Novo", do Aldous Huxley (100% via internet, uma novidade pra mim, que provavelmente não vou repetir devido ao cansaço nos olhos). Havia uma idéia do Helmholtz (amigo do Bernard e do Selvagem) que me intrigou, acredito que tenha sido mencionada durante a "leitura comentada" de Romeu e Julieta, ou então numa das conversas prévias que ele teve com Bernard; ele acreditava que não havia no mundo uma só atividade na qual ele pudesse realmente dar o máximo de si, desenvolver seus talentos até o máximo (essa parte foi conversando com o B.). Em seguida, ele se deparou com a arte de Shakespeare, e então admitiu que era necessária a intervenção de uma nova visão no seu universo para poder escrever algo realmente inovador- porém negou que isto pudesse ser encontrado junto ao amor, ou a sentimentos de fraternidade e apego à família.

Acabei de buscar o trecho na internet. Taí: "No." he concluded, with a sigh, "it won't do. We need some other kind of madness and violence. But what? What? Where can one find it?" He was silent; then, shaking his head, "I don't know," he said at last, "I don't know."

Talvez seja fruto da minha imaginação quimérica, mas isso não faz ninguém pensar em "Clockwok Orange"???

A semelhança fica ainda melhor depois. No capítulo 17, Mustafa Mond , o World Controller, dialoga com os três protagonistas mencionados acima e analisa sua sociedade e aquilo que ele próprio chama de "Grande Arte" - a arte capaz de sobressair-se à bela e frágil camada estética que a encerra para abranger significados (agregando-lhe o conteúdo de um mundo real - real e profundo -, sem perder a beleza). Agora a parte interessante: tal arte exige heróis, exige tragédias, exige nobreza de ato ou de intenções, exige perfídia! E onde encontrar tais coisas em um mundo de estabilidade social e sentimental? Em tal mundo, essas situações são desconhecidas ou incompreendidas. Elas não podem, sequer, ser temidas ou indesejadas...

O mundo de Laranja Mecânica (e eu gostaria de lembrar a todos: EU NÃO GOSTO, nem do filme nem do mundo...) está num limite sutíl em relação ao outro mundo, novo e admirável, que Huxley trouxe à luz. Ambos são condizente nos pressupostos e antagônicos na execução (é fácil perceber que o mundo da Laranja está dominado pela violência e pela instabilidade), e, exatamente por isso, salta aos olhos o gosto de Alex por Beethoven. É a aproximação da "High Art" com a capacidade humana de sentir e realizar-se, ainda que nos nossos instintos mais primitivos...

15 minutos para um post

Engraçado, ao contrário do que normalmente faço, escolhi o nome desse post antes de começar a escrever... A razão é simples: pretendo ir dormir em 15 minutos, e esse é o tempo que darei para a minha imaginação e criatividade abrir as asas - ainda que, nesse breve momento, dificilmente consiga levantar vôo!

A verdade é que recentemente, ao contrário do habitual, tenho me sentido inspirado. Claro, o sentimento não equivale necessariamente à realidade, mas é proporcional à minha vontade de escrever e de pôr no mundo algo de belo.

Pois é... nunca entendi a necessidade dos homens de criar algo que lhes superasse, algo que fosse maior ou mais importante do que eles. Grandes livros podem carregar idéias através dos séculos, descobertas científicas podem alterar o rumo da humanidade, mas a grandiosidade dos atos e dos objetos que recheiam esse universo redundantemente infinito me atraiu sempre menos do que o mundo íntimo - infinitamente desproporcional, e ao mesmo tempo carregado de cores que fazem as coisas valerem a pena.

Ainda não sei sobre o que quero escrever, nem o que devo ler para me preparar, nem que coisas deveria levar se fosse para uma ilha deserta. Mas tenho vontade de ir para uma ilha deserta... Às vezes... e essa sensação flutuante se contrapõe à certeza que tenho de que poderei usar as cores do meu próprio mundo para pintá-lo aos olhos dos outros - tão logo encontre uma história que valha a pena ser contada (e, acreditem, isso pra mim é um SACO!)

16.11.06

flap...

J'ai toujours aimée le mouvement des joupes au printemps. Bien sur, ce n'est pas exactement les joupes qui apprivoisent mon regard. Je suis fasciné par le ritme des jambes qui se libert devant la chaleur et les parfums qui prent compte de la Terre dans cette saison. J'aime les petits pas mesurés qui semblent faires flotter les filles parmis les masses. J'aime le croise et decroise, la douce caresse des cuisses qui se présse une contre l'autre, sans malice, sans tension, libertés de tout paradigme et pudeur pour trouver le confort de son própre enbrace...

Ok, cheio de erros de francês, mas pelo menos postei algo em 10 minutos.

5.11.06

Vapt vupt

Estava a fim de escrever. Não sobre um tema específico, pois minha cabeça parece avoada como de costume. Mas tampouco me interessa enveredar pelas elocubrações de praxe, adentrar a mata densa das minhas florestas em busca do desconhecido. Estou mais no clima para um vôo de balão, para aquelas espiadas a distância, uma panorâmica do mistério que me cerca.

Fiquei chateado que há algum tempo postei uma breve ficção e ninguém comentou nada. E era neste mesmo clima que eu estava agora: queria ficção. Mas procrastino por um bom motivo e deixo aqui um breve raciocínio:

Sei que em época de feira do livro é desperdício gastar o tempo e os olhos com textos tais como aquele - fruto de uma impulsividade que latejava na ponta dos meus dedos. Mas ele foi um rebento espontâneo, fruto de uma fecundação hermafrodita, para não dizer hermenêutica, das minhas próprias idéias. Nada original, claro, mas a isto não se prestava. Se prestava a existir, tal como esses pequenos rascunhos de contos que a gente perde nas páginas de um caderno qualquer sem nunca retomar, mas que, se tivessem escolhe, saltariam da prisão daquelas páginas para perder-se em mentes muitas.

Foi uma vitória para mim escrever de sopetão, de desvario, deixar sair antes mesmo de tomar forma. Foi uma vitória porque me mostrou que eu ainda tenho potencial para criar, falta apenas o ato da criação. Até lá, tentarei crescer como criador, para um dia ser digno das Criaturas a quem darei vida. Para chegar nesse ponto, porém, lembro a vocês que preciso de críticas, pontuais precisas ainda que tão amadoras quanto minhas linhas. Até logo, e pensem no assunto...